A proposta do grupo é realizar pesquisas sobre questões regionais, urbanas, sócio-ambientais e do trabalho que contribuam para o desenvolvimento de políticas e tomadas de decisão dos setores público e privado.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
A INDÚSTRIA SEGUNDO A PIA/IBGE 2011
Como sempre ocorre na virada do primeiro semestre, o IBGE trouxe a público os
resultados da PIA- Pesquisa Industrial Anual- de 2011. Nunca é demais insistir que a
PIA é a série estatística mais apropriada para embasar as análises estruturais sobre a
indústria. No entanto, a sua interpretação requer um extenso trabalho de tratamento do
enorme volume de informações contido na pesquisa. A principal dificuldade, como
sempre, é a disponibilidade de bons deflatores setoriais que propiciem a necessária
confiabilidade aos cálculos das taxas de crescimento em relação a anos anteriores de
variáveis monetárias como o valor da produção, os salários pagos ou a produtividade.
Na ausência desses deflatores não há ainda como '''''encadear os números da PIA 2011
com as anteriores com vistas a estabelecer comparações intertemporais dos seus
resultados. Com isso, as primeiras análises são forçadas a se restringir ao exame tão
somente dos indicadores de composição ou de participação. Os dados que se seguem
são referentes a PIA atividade, para empresas industriais com 5 ou mais empregados e
referem-se, quando não assinalado, à indústria geral (extrativa e de transformação).
A despeito da desaceleração experimentada pela economia brasileira em 2011, a
indústria manteve um excelente desempenho em termos da geração de empregos. O ano
fechou com 8,14 milhões de pessoas ocupadas na indústria, contingente 11% superior
ao do final de 2010. Em relação a 2007, foram absorvidos mais de 1,15 milhão de novos
trabalhadores industriais, números que confirmam o verdadeiro enigma que vem
caracterizando a evolução do mercado de trabalho brasileiro. Em termos da composição
setorial, esses trabalhadores se concentram nas indústrias tradicionais, como alimentos,
têxtil e vestuário, que em 2011 responderam por 62% dos postos de trabalho. Além
desses, cerca de 20% trabalham nas indústrias de maior conteúdo tecnológico enquanto
os demais 18% são contratados pelas indústrias extrativa e de produção de commodities.
É interessante registrar que esses números são praticamente os mesmos de 2007,
indicando que a rigidez estrutural que acompanha a indústria brasileira há longo tempo
não sofreu qualquer modificação em 2011.
A situação da distribuição espacial da atividade industrial é distinta. Em 2011 mantevese a tendência de suave desconcentração regional, que vem se manifestando desde a
década de 1990. Na ótica do emprego, as regiões Centro-Oeste e Nordeste absorveram
nesse ano 5,4% e 13,3% dos empregos industriais (ante 5,2% e 13,2% em 2010 e 4,8%
e 12,7% em 2007. Já a região Sudeste reteve 52,8% do trabalho na indústria (ante
53,2% em 2010 e 53,7% em 2007). Em termos de valor adicionado, a tendência de
desconcentração industrial persiste mas o mapa é um pouco diferente: as regiões que
avançam são Centro-Oeste e Norte, refletindo as produtividades mais elevadas do
agronegócio e da eletro-eletrônica, respectivamente, seus setores de especialização.
Uma outra tendência de longa data que foi igualmente ratificada pelos dados da última
PIA é a da perda de peso na estrutura industrial brasileira do segmento de médias
empresas (faixa de empresas com 100 a 500 empregados). Em relação a 2007, as
empresas dessa faixa geraram 234 mil novos postos de trabalho, bem menos que os 481
mil ou os 442 mil gerados pelas demais faixas de tamanho. Em 2011, o pessoal ocupado
em empresas médias foi de apenas 26% do total. O cálculo do valor adicionado por
trabalhador mostra que a faixa de empresas de tamanho médio voltou a apresentar em
2011 uma produtividade aparente inferior à da média da indústria, fato que havia
ocorrido pela primeira vez em 2010. Dada a importância desse conjunto de empresas
para o desenvolvimento industrial, os fatores condicionantes do seu pior desempenho
necessitam ser mais bem compreendidos.
Indícios sobre a evolução da produtividade surgem da comparação do desempenho dos
diversos setores com os valores médios da indústria. Verifica-se um aumento da
dispersão dos indicadores, com um crescimento extremamente pronunciado da
produtividade da indústria extrativa (especialmente petróleo e gás) e redução das
demais. A produtividade dos segmentos de commodities, que era exatamente o dobro da
média da indústria em 2007 caiu para 1,6 vezes, provavelmente refletindo a acumulação
de capacidade ociosa e também a queda dos preços internacionais desses bens. Já o
valor adicionado por pessoa ocupada nos setores de maior conteúdo tecnológico está
convergindo para a média da indústria, em um movimento no mínimo surpreendente,
pois espera-se que essas indústrias constituam o carro-chefe da expansão da
produtividade. O aumento da importação de insumos, peças e componentes pode estar
na raiz desse resultado.
Por fim, as análises das estruturas de custos sugerem que em 2011 o quadro foi de
estabilidade. De um lado, a trajetória de encarecimento do trabalho estacionou. Após
atingir um pico de 23,6% em 2009, o peso dos salários pagos no valor da transformação
industrial recuou para 22,5%, repetindo praticamente o índice de 2010. O mesmo
comportamento, mas com o sinal invertido, ocorreu com a participação do custo das
operações industriais no valor da produção. O indicador, que vinha recuando desde
2007, estabilizou-se na casa de 54% em 2011. A estabilidade das estruturas de custos
revelou-se bastante geral, tendo ocorrido em quase todos os setores e regiões.
AUTOR:DAVID KUPFER
AUTOR:DAVID KUPFER
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Discurso do presidente Alexandre Tombini na 2ª Edição do Encontros EXAME
- Perspectivas para a economia internacional
- Economia brasileira - perspectivas
- Economia brasileira - perspectivas
Política Monetária e Operações de Crédito do SFN
I
- Operações de crédito do sistema financeiro
O estoque total das operações de crédito do sistema financeiro, que inclui recursos livres e direcionados, atingiu R$2.531 bilhões em junho, com expansões de 1,8% no mês e 16,4% em doze meses. Nas mesmas bases de comparação, o resultado refletiu aumentos de 2,9% e 26,6% nas carteiras com recursos direcionados e de 0,9% e 9,7% nas operações com recursos livres. O saldo dos empréstimos a pessoas físicas totalizou R$1.157 bilhões, avançando 1,4% e 16,4% e o referente a pessoas jurídicas, R$1.374 bilhões, após incrementos de 2,1% e 16,3%, nas mesmas bases comparativas. Em consequência, a relação crédito/ PIB passou a representar 55,2%, ante 54,7% em maio último e 50,9% em junho de 2012.
As concessões de crédito com recursos livres e
direcionados alcançaram R$302 bilhões em junho, após redução mensal de 3,8%,
resultante da queda de 8% nas contratações do crédito livre e da elevação de
22% no crédito direcionado. Os desembolsos a pessoas físicas recuaram 5,2% no
mês, ao atingirem R$142 bilhões, com ênfase para retrações nas modalidades
cheque especial, crédito pessoal e aquisição de veículos. No tocante a pessoas
jurídicas, as novas contratações pelas empresas decresceram 2,5% no mês, ao
somarem R$160 bilhões, assinalando-se reduções nos empréstimos de capital de
giro com prazo acima de 365 dias e em conta garantida.
O saldo de crédito com recursos livres cresceu 0,9% no mês, ao totalizar R$1.446 bilhões (31,6% do PIB) em junho, equivalendo a 57,1% da carteira total do sistema financeiro. Esse resultado refletiu as expansões de 0,2% nos empréstimos a pessoas físicas, saldo de R$715 bilhões, e de 1,7% nos destinados a pessoas jurídicas, que somaram R$730 bilhões. No tocante às famílias, os aumentos mais relevantes foram verificados nos saldos de crédito consignado e cartão de crédito rotativo, enquanto no segmento corporativo, sobressaíram o desconto de duplicatas, os repasses externos e o capital de giro com teto rotativo.
O saldo de crédito com recursos livres cresceu 0,9% no mês, ao totalizar R$1.446 bilhões (31,6% do PIB) em junho, equivalendo a 57,1% da carteira total do sistema financeiro. Esse resultado refletiu as expansões de 0,2% nos empréstimos a pessoas físicas, saldo de R$715 bilhões, e de 1,7% nos destinados a pessoas jurídicas, que somaram R$730 bilhões. No tocante às famílias, os aumentos mais relevantes foram verificados nos saldos de crédito consignado e cartão de crédito rotativo, enquanto no segmento corporativo, sobressaíram o desconto de duplicatas, os repasses externos e o capital de giro com teto rotativo.
I.1
- Taxas de juros e inadimplência
A taxa média geral de juros do crédito do sistema financeiro, incluindo as operações com recursos livres e direcionados, alcançou 18,5% em junho, com alta de 0,4 p.p. no mês e redução de 1,6 p.p. nos últimos doze meses. A variação mensal refletiu a elevação de 0,7 p.p. na taxa referente ao crédito livre e de 0,2 p.p. nas operações com recursos direcionados, ao passo que, na comparação anual, ocorreram reduções respectivas de 0,6 p.p. e de 1,5 p.p.
Nas operações destinadas a pessoas físicas, a taxa
média atingiu 24,3%, após aumento de 0,3 p.p. no mês, determinado pelo aumento
de 0,7 p.p. no custo médio do crédito livre, notadamente em crédito pessoal não
consignado e crédito renegociado. Nas operações com recursos direcionados, a
taxa permaneceu inalterada em 6,7% a.a.
Nos créditos às empresas, a taxa média de juros
situou-se em 14%, após elevação mensal de 0,5 p.p. Nas operações com recursos
livres, a taxa subiu 0,8 p.p., atingindo 19,3%, destacando-se elevações em
capital de giro e financiamento a exportações. No segmento direcionado, o
aumento de 0,4 p.p, para 7,4%, refletiu a alta nas taxas médias relativas aos
financiamentos com recursos do BNDES.
O spread bancário geral das
operações de crédito do sistema financeiro recuou 0,4 p.p., situando-se em 10,9
p.p em junho, menor patamar da série iniciada em março de 2011. A redução
refletiu a elevação do custo de captação em percentual superior à elevação das
taxas de aplicação e resultou do recuo de 0,5 p.p. no indicadorrelativo ao
crédito livre, que alcançou 16,7 p.p., e da elevação de 0,1 p.p. no spread relativo
aos créditos direcionados, situado em 2,6 p.p.
II
- Evolução dos agregados monetários
O saldo médio diário da base monetária atingiu R$204,2 bilhões em junho, após recuo de 1,8% no mês e elevação de 6% em doze meses. O comportamento mensal do agregado resultou de declínio de 12,5% nas reservas bancárias e aumento de 0,9% no papel-moeda emitido.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da emissão monetária,
sobressaíram as operações com títulos públicos federais, que incluem a atuação
do Banco Central no ajuste da liquidez do mercado monetário, ao registrarem
expansão de R$29,2 bilhões. O impacto de títulos públicos decorreu de compras
líquidas de R$51,8 bilhões no mercado secundário e de colocações líquidas de
R$22,6 bilhões, no mercado primário. Em sentido inverso, as operações do
Tesouro Nacional foram contracionistas em R$5,8 bilhões, os depósitos de
instituições financeiras, que incluem os fluxos mensais de recolhimentos
compulsórios, em R$5,4 bilhões, assim como as vendas líquidas de divisas no
mercado interbancário, que atingiram R$3,7 bilhões.
Os meios de pagamento restritos (M1) registraram saldo médio diário de R$296,2 bilhões em junho, após crescimento de 1,9% no mês resultante dos aumentos de 2,9% nos depósitos à vista e de 0,9% no papel-moeda em poder do público. A expansão acumulada do M1 em doze meses alcançou 12,7%.
O saldo dos meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos de poupança e títulos privados, cresceu 1,6% em junho, atingindo R$1,8 trilhão. Esse resultado refletiu, sobretudo, a elevação de 2,6% registrada no M1 e de 2% nos depósitos de poupança. O saldo dos títulos privados alcançou R$968,1 bilhões e o dos depósitos de poupança, R$538,4 bilhões, após captações líquidas respectivas de R$5,7 bilhões e de R$9,5 bilhões.
Fonte: Banco Central do Brasil
Os meios de pagamento restritos (M1) registraram saldo médio diário de R$296,2 bilhões em junho, após crescimento de 1,9% no mês resultante dos aumentos de 2,9% nos depósitos à vista e de 0,9% no papel-moeda em poder do público. A expansão acumulada do M1 em doze meses alcançou 12,7%.
O saldo dos meios de pagamento no conceito M2, que corresponde ao M1 mais depósitos de poupança e títulos privados, cresceu 1,6% em junho, atingindo R$1,8 trilhão. Esse resultado refletiu, sobretudo, a elevação de 2,6% registrada no M1 e de 2% nos depósitos de poupança. O saldo dos títulos privados alcançou R$968,1 bilhões e o dos depósitos de poupança, R$538,4 bilhões, após captações líquidas respectivas de R$5,7 bilhões e de R$9,5 bilhões.
Fonte: Banco Central do Brasil
POLÍTICA FISCAL
I -
Resultados fiscais
O superavit primário do setor
público consolidado alcançou R$5,4 bilhões em junho. O Governo Central
registrou superavit de R$1,4 bilhão; os governos regionais,superavit de
R$3,2 bilhões; e as empresas estatais, superavit de R$836
milhões.
No ano, o superavit primário
acumulado alcançou R$52,2 bilhões, comparativamente a R$65,7 bilhões no mesmo
período do ano anterior. No acumulado em doze meses, o superavit alcançou
R$91,5 bilhões, 2% do PIB, comparativamente a R$88,8 bilhões, 1,95% do PIB, em
maio.
Os juros nominais, apropriados por competência,
alcançaram R$17,6 bilhões em junho, comparativamente a R$20,2 bilhões em maio.
O menor número de dias úteis contribuiu para essa queda. No ano, os juros
nominais acumulam R$118,1 bilhões, 5,10% do PIB, 0,1 p.p. inferior ao
registrado no mesmo período de 2012. No acumulado em doze meses, os juros
nominais alcançaram R$220,9 bilhões, 4,82% do PIB, mantendo-se estável, como
proporção do PIB, em relação ao observado nos meses anteriores.
O resultado nominal, que inclui o superavit primário
e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$12,2 bilhões em junho. No
ano, o deficit nominal alcançou R$65,9 bilhões, elevando-se
R$20,6 bilhões em relação ao mesmo período de 2012. Em doze meses, o deficit nominal
atingiu R$129,5 bilhões, 2,83% do PIB, comparativamente a R$130,6 bilhões,
2,87% do PIB, observado em maio.
O deficit nominal do mês foi
financiado com expansões de R$4,7 bilhões na dívida mobiliária e de R$14,3
bilhões nas demais fontes de financiamento interno, que incluem a base
monetária, contrabalançadas, parcialmente, pelas reduções de R$6,6 bilhões nos
financiamentos externos líquidos e de R$242 milhões na dívida bancária líquida.
II
- Dívida mobiliária federal
A dívida mobiliária federal, fora do Banco Central,
avaliada pela posição de carteira, totalizou R$1.894,7 bilhões (41,3% do PIB)
em junho, registrando acréscimo de R$54,1 bilhões em relação ao mês anterior. O
resultado refletiu emissões líquidas de R$39 bilhões, acréscimo de R$0,4 bilhão
em razão da depreciação cambial e incorporação de juros de R$14,7 bilhões.
Destacaram-se as emissões líquidas de R$26,9 bilhões
em LTN; de R$8,3 bilhões em LFT; de R$3,4 bilhões em NTN-F; e de R$1 bilhão em
NTN-B.
A participação por indexador registrou a seguinte
evolução, em relação a maio: a porcentagem dos títulos indexados a câmbio
permaneceu em 0,5%; a dos títulos vinculados à taxa Selic passou de 16% para
16,4%, devido a emissões de LFT; a dos títulos prefixados elevou-se de 29,4%
para 30,8%, em função das emissões líquidas de LTN; e a dos indexados a índices
de preços passou de 26,5% para 26,7%, devido às emissões líquidas de NTN-B. A
participação das operações compromissadas passou de 27,2% para 25,2%, em razão
de compras líquidas de R$51,9 bilhões.
III
- Dívida líquida do setor público
A dívida líquida do setor público (DLSP) atingiu
R$1.580,3 bilhões em junho, 34,5% do PIB, reduzindo-se 0,3 p.p. em relação ao
mês anterior. A depreciação cambial de 3,9% no mês foi o principal fator
determinante dessa trajetória, respondendo por redução equivalente a R$26,7
bilhões no estoque da DLSP.
No ano, a relação DLSP/PIB registrou redução
equivalente a 0,7 p.p. Contribuíram para essa redução o superavit primário,
com 1,1 p.p.; o crescimento do PIB corrente, 1,4 p.p.; e a desvalorização
cambial de 8,4% acumulada no ano, com 1,2 p.p. Em sentido contrário, os juros
nominais apropriados contribuíram para elevar a relação em 2,6 p.p., e o ajuste
de paridade da cesta de moedas que compõe a dívida externa líquida respondeu
por elevação 0,4 p.p.
A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal,
INSS, governos estaduais e governos municipais) alcançou em junho R$2.715,9
bilhões, 59,3% do PIB, reduzindo-se 0,3 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.
Fonte: Banco Central do Brasil.
Discurso do Presidente do Banco Central Alexandre Tombini no VIII Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária
O
Sistema Financeiro Nacional passou por profundas transformações nos últimos
anos, em praticamente todas as suas dimensões, com o crescimento estrutural do
crédito e da inclusão financeira. Essa transformação ocorreu graças à
manutenção da estabilidade macroeconômica, ao contínuo processo de
aperfeiçoamento da regulação e da
supervisão e à tempestividade das ações para o fortalecimento da estabilidade financeira. Mantivemos a solidez de nosso
sistema financeiro, mesmo num período complexo e turbulento por que passaram a
economia e o sistema financeiro global.
Esse
período turbulento trouxe desafios para os reguladores e supervisores. No
Brasil não foi diferente, mas soubemos nos preparar para enfrentar esses
desafios. Primeiro. Promovemos aperfeiçoamentos significativos nos sistemas de
registro e de liquidação: ampliamos a
central de risco de crédito (SCR); reforçamos a regulamentação dos registros
privados; exigimos mais qualidade e tempestividade das informações; e
incentivamos o mercado a criar outros sistemas de registro, como a Central de
Exposição de Derivativos (CED) e a Central de Cessão de Crédito (C3).
O
Brasil tem hoje uma capacidade diferenciada de monitoramento do nosso sistema financeiro
devido à obrigatoriedade de declaração e registro de todas as operações financeiras de crédito e de derivativos em
sistemas de registro. Com esses aperfeiçoamentos, o Banco Central do Brasil
ampliou ainda mais o espectro de informações a que tem acesso, permitindo, à
supervisão, o monitoramento praticamente em tempo real de todas as operações,
emissões, carteiras e exposições dos bancos. Além disso, aperfeiçoamos e
criamos ferramentas poderosas para monitorar e detectar inconsistências nas
informações prestadas ao Banco Central.
Ressalte-se
que, desde antes da crise financeira de 2008, o Brasil já possuía um sistema de
monitoramento muito bom. Hoje posso afirmar que temos um sistema praticamente
único entre os supervisores financeiros internacionais.
Segundo.
Promovemos muitos aperfeiçoamentos no marco prudencial e regulatório, bem como
nas práticas de supervisão dos bancos.
Reorganizamos
e ampliamos o escopo de atuação da supervisão. Introduzimos
diretrizes
e instrumentos mais modernos e eficazes e aperfeiçoamos as práticas da supervisão.
Constituímos o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef).Criamos, no Banco
Central, uma unidade responsável pela supervisão da conduta do sistema
financeiro, cuja atuação é centrada na observância de normas e regulamentos.Terceiro.
Conduzimos um processo abrangente de supervisão para mitigar vulnerabilidades
do sistema financeiro.
Partimos
de um diagnóstico robusto, contemplando desde aspectos relacionados à integridade
de dados e sistemas a aspectos relacionados à viabilidade dos negócios.
Os
focos de vulnerabilidades foram mapeados.Formulamos um plano de ação minucioso,
com o objetivo de eliminar essas vulnerabilidades. E, acima de tudo, assegurar
o bom funcionamento do sistema. Executamos o plano com serenidade, foco e
objetividade. O plano alcançou seus objetivos: vulnerabilidades foram
corrigidas ou eliminadas, mantendo o funcionamento regular do sistema
financeiro.
Enfim,
trata-se de um processo bem sucedido, conduzido com muita tranquilidade; mas com
muito rigor. As lições foram aprendidas e incorporadas às práticas da área de regimes
especiais, ao anteprojeto de Lei de Resolução Bancária e ao novo regulamento
para o funcionamento de comissões de inquéritos recentemente publicados.
Por
fim, em quarto lugar, adotamos medidas macroprudenciais para moderar a tomada excessiva
de riscos nas operações de crédito ao consumo, no ingresso intenso e vultoso de
capitais internacionais voláteis e nas exposições em derivativos cambiais.
Todos
esses movimentos, de forma isolada ou combinada, ameaçavam a estabilidade da
economia e a do próprio sistema financeiro. As medidas macroprudenciais
contribuíram para manter o bom funcionamento dos
nossos
mercados em um ambiente de expansão da liquidez internacional e de intenso fluxo
de capitais, principalmente para as economias emergentes. Mesmo diante de uma ampla
liquidez internacional, o fluxo de capital volátil para o Brasil moderou-se; os
prazos ampliaram-se e a natureza do capital melhorou de qualidade, compondo-se,
já há algum tempo, majoritariamente de investimento estrangeiro direto.
Conforme
tenho alertado, os atuais níveis globais de liquidez e de taxas de juros fazem parte
de circunstâncias muito especiais, que tendem a desaparecer em algum momento.
Há
claros sinais de que o processo de normalização das condições monetárias nos Estados
Unidos já se iniciou. Com isso, a perspectiva é de redução da liquidez internacional,
moderação do fluxo de capitais, principalmente para economias emergentes, e
encarecimento dos financiamentos externos.
Nesse
contexto, manter o sistema financeiro sólido, bem capitalizado, com elevados níveis
de liquidez e de provisionamento e sem vulnerabilidades aparentes, como é o caso
do Sistema Financeiro Nacional, é condição essencial para enfrentarmos volatilidades
nos mercados internacionais que eventualmente surjam no curso da normalização
das condições monetárias de economias avançadas.
O
Brasil, com a ação do Banco Central, sabe também lidar com essa volatilidade
nessa fase, como o soube na fase de adoção das políticas monetárias não
convencionais.
Com
o propósito de fortalecer cada vez mais o Sistema Financeiro Nacional,
divulgamos,
no início do ano, a regulamentação necessária para a adoção do Acordo de
Basileia III. A adoção desse acordo no Brasil inicia-se efetivamente em 1º de outubro
de 2013 e segue o cronograma internacional acordado até a conclusão do processo,
em 1º de janeiro de 2022.
Basileia
III representa a principal resposta regulatória internacional à crise
financeira de 2008 e tem por objetivo central fornecer uma base de capital mais
robusta para a expansão sustentável do crédito, aumentando a capacidade das
instituições financeiras de absorver choques e, com isso, reduzindo o risco de
contágio do setor financeiro sobre o setor real da economia. Em última análise,
Basileia III visa a auxiliar a manutenção da estabilidade.
É
um acordo técnico complexo, mas, no fundo, inspira-se no bom senso: qualquer banco
para ser seguro para os seus clientes (famílias e empresas) precisa ter
capital, provisões e liquidez suficientes para enfrentar situações de crise sem
necessidade de ser resgatado pelo poder público. Para tanto, Basileia III
melhora a aferição das exposições a riscos, eleva a quantidade e qualidade do
capital, e busca mitigar a pró-ciclicidade e a interconectividade do sistema
financeiro.Há muito tempo, o Brasil já dispõe de regulação e supervisão mais
rigorosas que a maiorias das economias avançadas, com um quadro
prudencial-regulatório, em vários aspectos, já bem próximo das exigências de
Basileia III. Nesse contexto, a implantação do Basileia III no Brasil
transcorrerá com tranquilidade.
O
Sistema Financeiro Nacional como um todo não necessitará de capital adicional
para cumprir Basileia III, e a sua adoção no Brasil terá impacto neutro sobre a
expansão da oferta do crédito. Pelas nossas estimativas, o capital do Sistema
será sempre superior às exigências para um cenário de crescimento e retenção de
resultados baseado na média dos últimos anos. E o volume necessário para
aqueles que demandarão capital entre 2017 e 2019 é relativamente baixo: cerca
de 2% do capital total do Sistema.
A
adoção de Basileia III no nosso quadro regulatório contribui para fortalecer a
solidez do Sistema Financeiro Nacional, melhorar o nosso custo de captação,
além aumentar a possibilidade de expansão internacional dos nossos bancos.
Senhoras
e senhores:Basileia III, sem dúvida, representa um marco importante na
regulação prudencial internacional. Em 2008, vivenciamos a maior crise
financeira dos últimos 70 anos – talvez, a maior da história do sistema
financeiro internacional. Basileia III resulta do diagnóstico amplo e minucioso
das principais causas da crise financeira de 2008. Produto de profundo debate
dos reguladores e supervisores das principais economias mundiais, contou também
com a colaboração de acadêmicos e profissionais do sistema financeiro.O
Governor Stefan Ingves foi um protagonista do Acordo de Basileia III e,
atualmente, exerce o cargo de Presidente do Comitê de Basileia para Supervisão
Bancária, a quem tenho a satisfação e a honra de convidar para proferir a
palestra principal deste seminário.
Muito
obrigado a todos.
Fonte: www.bcb.gov.br.
Fonte: www.bcb.gov.br.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
PROGRAMAÇÃO DA IV SEMANA GEPETIS
1º Dia
|
10 de abril
|
Auditório do NEPSA
|
18 horas 19 horas |
-
Credenciamento – Hall do NEPSA
- Conferência: Experiências de políticas Econômicas para o desenvolvimento regional.
Palestrante: Doutorando Francisco do
Ó Lima - URCA
Coordenador: Prof. Dr. Marconi Gomes da Silva (UFRN)
Debatedores:
Prof. Dr. Denílson
da Silva Araújo (UFRN)
Prof. Dr. Francisco Wellington Duarte(UFRN).
|
|
2º Dia
|
11 de abril
|
Auditório do NEPSA
|
8 horas 19 horas |
- Apresentação de Trabalhos
- Conferência: Políticas de
Subsídios ao Desenvolvimento Regional: o caso do Rio Grande do Norte
Palestrante: Sr. Rogério Marinho – Secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do RN
Coordenador: Prof. Dr. William Eufrásio Nunes
Pereira (UFRN)
Debatedores: Andrielle Mendes Garcia –
Jornalista
Dr. Odair Lopes - Economista
|
|
3º Dia
|
12 de abril
|
Auditório do NEPSA
|
8 horas 19 horas
20h 30 min
21 horas
|
- Minicurso - Cidades: História, Desenvolvimento e Problemas Econômicos
- Feirinha
do Livro – Alunos
- Conferência: Políticas de Fomento ao Desenvolvimento
Regional
Palestrante: Prof.Dr. Adriano Sarquis Bezerra de Menezes – IPECE – CEARÁ.
Coordenador: Prof. Dr. William E. N. Pereira (UFRN)
Debatedor: Economista
Airton Soares da Costa - CORECON.
Homenagem: Profª Phd. Maria do Livramento de Miranda Clementino
- Coquetel
|
sexta-feira, 5 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Lista dos trabalhos
aprovados da IV Semana Gepetis
A POLÍTICA DE
INDUSTRIALIZAÇÃO DO CEARÁ E SUAS REPERCUSSÕES NO MERCADO FORMAL DE TRABALHO
INDUSTRIAL: ANÁLISE DO POLO CRAJUBAR PARA OS ANOS DE 1990 A 2010. Autores: Aline
Alves de Oliveira; Valdênia Apolinário; William Eufrásio Nunes Pereira.
A
FALÁCIA DO DESENVOLVIMENTO A CONVITE NEOLIBERAL. Autor: André Felipe Soares.
A QUESTÃO
AMBIENTAL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: APONTAMENTOS SOBRE A SITUAÇÃO DOS
CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COOPERADOS EM NATAL- RN. Autores:
Carla Montefusco de Oliveira, Chrislayne Caroline Dos Santos Nascimento,
Francisca Maria Assis de Oliveira, Nathália Galvão de Oliveira Azevedo Rocha, Priscilla Garcia Nascimento de Brito.
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
DISCUTINDO CONCEITOS E AÇÕES. Autor: Edinah Cristina A. de
Carvalho;
Carla Montefusco de Oliveira.
ESTRUTURA E DINÂMICA DO
SETOR DE SERVIÇOS DE SAÚDE BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DOS EMPREGOS E SALÁRIOS NA
DÉCADA DE 1990. Autor: Isabel Caldas Borges.
AGRICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL NO RIO GRANDE DO NORTE. Autores:
Letícia de Souza e Mariana Bezerra.
A DESIGUALDADE REGIONAL COM BASE NA INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO:
uM ESTUDO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE NOS ANOS RECENTES. Autores: Carina Aparecida Mendes; Perilônia Oliveira Campos.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL OS EFEITOS
DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO RIO GRANDE DO NORTE. Autores:
Rebeca Marota da Silva e Flávio Kauê Targino Bezerra.
AVALIANDO O PRONAF A PARTIR DA
ÓTICA DAS DESIGUALDADES INTER-REGIONAIS NA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS, 2005 A
2010. Autor: Francisca Suerda Soares de Oliveira; João Matos Filho.
A INDÚSTRIA DE CELULARES NOS
ÚLTIMOS ANOS. Autor: Osmar Faustino de Oliveira; William Eufrásio Nunes Pereira
PANORAMA E DINÂMICA RECENTE
DA ECONOMIA DA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI-RMC. Autores: Marília de Souza
Castro; Aline Alves de Oliveira; William Eufrásio Nunes Pereira.
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