segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Expansão leva executivos brasileiros a apostar no país, criando mais vagas

O bom desempenho econômico do Brasil e a criação de 2,5 milhões de empregos formais no ano passado, na contramão do que ocorreu nos países desenvolvidos, deram uma injeção de ânimo nos empresários. No país, 62% deles esperam um aumento na abertura de oportunidades de trabalho ao longo de 2011. O índice é o quinto mais alto das 39 economias pesquisadas, atrás apenas dos verificados no Vietnã (78%), na Índia (77%), na Turquia (67%) e no Chile (65%). Na média mundial, 29% dos executivos entrevistados disseram acreditar na ampliação das vagas, revelou estudo do International Business Report 2011, da consultoria Grant Thornton.
Para o presidente da empresa no Brasil, Jobelino Locateli, os resultados refletem o aumento do poder de compra da população. “As pessoas consomem mais e requerem maior nível de produção e investimento, o que deixa as indústrias e o empresariado otimistas. Estamos perto do chamado pleno emprego e tivemos aumento real dos salários ao longo do ano passado”, destacou. José Gaspar Noveli, professor do Ibmec Brasília, acrescenta que o setor de serviços, um grande empregador, está em expansão. “Além disso, a economia deve continuar aquecida neste ano.”

Exceção
A União Europeia, com índice de 17% de otimismo quanto à criação de empregos, é uma das regiões com perspectivas menos otimistas. Grécia (-17%), Irlanda (-14%) e Espanha (-5%) são os países com as menores expectativas na economia mundial. Nos Estados Unidos, onde a taxa de desemprego é de cerca de 10% (no Brasil, o percentual chegou ao seu menor nível, 5,3%, em dezembro), apenas 28% dos entrevistados esperam que a situação melhore. No Reino Unido, somente 27% estão confiantes.
Mas não foi apenas na variável de mercado de trabalho que o Brasil se destacou. No que diz respeito ao investimento em máquinas e equipamentos, o índice é de 66%, ante 35% no mundo. Em relação à renda, 81% apostam no aumento dos salários — em todas as nações pesquisadas, a marca é de 56%. A única exceção são as exportações — a expectativa de melhoria é de 14% no país, ante 22% no mundo. “Aí o problema é o real supervalorizado. Estamos importando para atender a fúria da demanda provocada pelo aumento da massa salarial”, observou Locateli.

Expectativas para o ano
Proporção de empresas que apostam em melhorias
Variável: Brasil / Mundo
Renda: 81% / 56%
Rentabilidade: 71% / 40%
Investimento em máquinas e instalações: 66% / 35%
Emprego: 62% / 29%
Investimento em novos edifícios: 34% / 16%
Exportações: 14% / 22%

Fonte: IBR/Grant Thornton

Ensino faz a diferença
Os bons ventos estão soprando para o mercado de trabalho brasileiro. A meta do ministro da área, Carlos Lupi, é criar 3 milhões de vagas em 2011, somando empregos com carteira assinada e cargos no serviço público. Mas as empresas não estão à procura de qualquer funcionário: elas buscam cada vez mais mão de obra qualificada. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE mostrou aumento contínuo da escolarização dos trabalhadores entre 2003 e 2010: o percentual de pessoas com 11 ou mais anos de estudo aumentou de 34,3% para 44,5%.
A partir de 2008, o grupo de trabalhadores com mais de 11 anos de estudos (41,5%) passou a superar o de pessoas com menos de oito anos de banco de escola (40,2%). Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, entre 2003 e 2010 a participação de pessoas com menos de 8 anos de formação caiu de 46,2% para 37,3%. Para os que têm entre 8 e 10 anos, o índice diminuiu de 19,4% para 18,2%.
Para o professor do Ibmec Brasília José Gaspar Noveli, os números mostram uma tendência: as empresas estão procurando profissionais qualificados. As mudanças, disse ele, não são verificadas apenas no Brasil, mas em todo o mundo. “O desenvolvimento tecnológico requer profissionais capacitados. Isso exige qualificação”, observou.

Salários
Se, por um lado, o mercado vai exigir mais tempo de estudo, por outro, vai oferecer salários melhores. Com a criação de postos elevada, o número de profissionais qualificados disponíveis ficará menor. Na avaliação de Noveli, essa nova realidade traz um grande desafio para o Brasil, o de investir na educação. “Precisamos recuperar o tempo perdido, não apenas na qualificação técnica dos trabalhadores, mas também nos ensino médio e fundamental.”
Com a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, além dos investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a busca por profissionais qualificados será mais intensa. O mercado será promissor para as atividades ligadas diretamente ao desenvolvimento do país, como construção civil, comércio, infraestrutura, tecnologia da informação e educação.

Fonte: Correio Braziliense

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